30 março 2010

Oração Poética


Quando nasci, um Serafim desses de pompa e poder,
De rosto enrugado, olhos cansados e barba branca,
Empoleirado no alto de seu trono
Gritou, fazendo farfalhar sua túnica azul:
“Anda traste pulguento.
Corre atrás da tua vida porque ela tem pressa
E a morte não espera o final do dia.
Desce logo e faz teu destino, criatura sedentária.
Busca seus sonhos e escreve sua história!”
E eu desci meio sobressaltado e sem jeito.
As ruas, as avenidas, as praças e os prédios.
Tudo isso me fascinou.
Confesso que acho o litoral carioca um verdadeiro espetáculo.
Mas, como bom paulista que sou adoro caminhar no Ibirapuera
E ver o show de luzes durante o Natal.
Acredito cegamente nas dores da saudade.
Tenho minha própria fé e meu Deus não se confunde em religiões.
Mas sempre mando rezar missa para mau-olhado.
Sou poeta quando posso e quando nada me impede.
No mais sou estudante.
E, diga-se, sinto aversão a palavra vestibular.
Sempre cumprindo o que o tal Serafim falou:
Escrevo o meu destino, já que buscá-lo é tarefa dos metafísicos.
A felicidade que me convém provém dos outros,
Sou alegria pura e pouco explorada.
E, quando esse anjo meio atravessado
Gritar-me novamente
Pedindo para subir,
Meu amigo sou honesto em dizer
Que pensarei duas vezes antes de atender ao chamado.
Em nome dos pais, dos filhos e de todos os santos
Amém...

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