09 março 2010

O Vão da Porta


Antes de partir... Eu não lhe disse adeus. Estava ansioso demais, sedento de vontade de ir embora.
E simplesmente fui.
Nada. Nenhuma carta, nenhum sinal nem mensagem. Muito menos uma prévia explicação.
Eu... Queria fugir a qualquer preço. E vejo, hoje, que essa foi minha pior decisão.
Afinal, agora, diante de sua porta, com um pequeno buquê de rosas na mão esquerda e, na direita a minha esperança, não encontro palavras para caracterizar minhas atitudes.
Nenhum pedido de desculpa será suficiente.
Nenhuma lágrima minha compensará a sua tristeza, nenhum esclarecimento de minha parte irá ser suficiente para quitar o número de vezes em que você implorou aos céus, pedindo que eu voltasse.
Mas, finalmente voltei.
E não espero ser recebido com carinho, beijos e um abraço apertado.
Ainda é cedo, bem cedo.
O sol está despontando, você, com certeza está dormindo. Porém, terei de acordá-la.
Não quero que você me entenda, pois sei que é uma tarefa impossível de se realizar.
Eu só quero que você me veja, para que eu possa vê-la também, olhar em seus olhos, sorrir ao seu lado (mesmo sorrindo sozinho). Se dissesse que te quero, estaria sendo honesto.
Se dissesse que te amo, estaria compartilhando uma suave verdade do meu coração.
Se dissesse o quanto desejo o seu rosto junto ao meu, lembraria dos meus dias de solidão. Lembraria de nossa paixão colegial, nossas aventuras adolescentes, nossos braços quentes nas noites de inverno.
Mas, se me perguntasse se eu te mereço, obviamente diria que não.
...Pronto, toquei a campainha. Talvez não devesse tê-lo feito. Talvez sua vida esteja melhor sem mim.
Talvez eu perceba o quanto preciso de você e uma dor, amiúde, irá me incomodar, dentro do meu peito...
E, nessa angústia de esperar e não saber o que fazer, querer e temer perdê-la, eu vou desistindo... Vou me afastando. De novo.
As rosas agora estão no chão, minha cabeça baixou, minha mão ficou gélida. Sinto-me fraco. Faltam expressões que descrevam meus sintomas.
Provavelmente é o mal do meu século. Ou o meu mal, ou o meu bem...
Ou o som dos seus passos do outro lado da porta, a chave entrando no buraco da fechadura e a maçaneta girando levemente...
De repente, seu rosto aparece no vão que separa a porta do batente. Você assustada por ter alguém a esperando tão cedo. Eu, aflito em ver sua reação.
Seus olhos se arregalaram por um instante. Agora, uma lágrima silenciosa desce discretamente, delineando sua face. E outras seguem o exemplo da primeira.
Pensei, primeiramente, em me aproximar. Antes, tenho de recolher as rosas.
Acredito que consigo, somente, estendê-las a você.
Exatamente como eu fiz em nosso primeiro encontro. Lógico que nele havia inocência, onde hoje há expectativas e frustrações.
Aliás, havia muitas coisas em nosso primeiro encontro. Havia o mundo e as estrelas, o céu e o mais puro infinito. E, neste momento, há apenas o diálogo de nossos olhares.
Tão tenso. Tão necessário.
E, se não quiser me ver nunca mais, irei entender. Mas não feche a porta ainda, eu preciso te ver só mais um pouquinho, mesmo sabendo que dessa maneira irei me torturar...
Mesmo sabendo que um dia você terá de fechar a porta, com ou sem a minha presença em sua vida...
Porque eu esperei tanto tempo para te encontrar, tantos fatos a contar... Todavia, a única coisa que posso lhe dizer sem tropeçar na própria língua é:
“Tudo bem...”

5 comentários:

  1. lindo de mais, se bem q algo como triste tbm é cabivel. enfim, ADOREI!!! *-------------------------------*

    ResponderExcluir
  2. que dó dele :/ faz continuação? *-*

    ResponderExcluir
  3. Posso até tenta... mas num sei se o final vai se feliz :/ sduhahsuahsuahsahu

    ResponderExcluir
  4. nossa *-* vc escreve muito bem

    ResponderExcluir
  5. Amor adolecente é difícil mesmo. Como eu mesmo digo: malditos hormônios!!! hehehe, brincadeiras a parte. Excelente descrição, você conseguiu demonstrar bem a sua melâncolia. Meu sincero "boa sorte".

    ResponderExcluir