29 novembro 2009

Com licença, minha tristeza

Desculpe interromper. Sei que é grosseria de minha parte atrapalhar um momento qualquer da sua vida, mas não há como conter essa ânsia que cresce em mim. Sinto-me tão despreparado para declarações que perco o fôlego e as palavras saem confusas de minha boca. Sendo honesto, simplesmente não vejo motivos racionais para tal atitude, tirando, é claro a vertiginosa vontade de olhar em seus olhos e pedir seu silêncio junto ao meu, num coro de sossego e harmonia. Ou mesmo uma última foto de nós dois, abraçados e embalados por completa alegria.

Quanto tempo faz que seus tapas leves e suas risadinhas travessas não invadem minha intimidade?
Quanto tempo faz que sua boca não tenta encontrar a minha e nossa sincronia é quebrada por um barulho, sobressalto?

Tempo demais, com certeza. Mais que demais, um exagero que gerou uma saudade engasgada no meu peito, um último adeus que continuou no meu lábio, travou na ponta da língua, e hoje engoli a seco. Foram tantos momentos, tão intensos, tão coloridos de sentimento. Por que acabou? Por que chegou ao fim se o fim só acontece quando tudo dá certo? Por que meu mundo caiu enquanto o seu ainda gravita ao redor de outro Sol? Por que, na melancolia que sinto, percebo ser apenas figurante, se as cenas que voam fizeram parte de meu filme?

Por que tantas perguntas?

Porque sempre a perda me envolve em agonia, afinal, perder é natural do homem, é esforço que se torna indiferença dos outros, fracasso de quem não consegue reconhecer o suor e a determinação alheia. A perda nada mais é que um estado transitório no qual o ser entrega-se em seu “todo”, sem pensar, sem sentir, sem falar... Apenas aquiescendo uma decisão imposta, uma idéia torta que assombra a alma dos artistas. Mas, por que, então, eu me permito sentir o peso da perda?

Porque eu me importo. Preocupo-me, e várias vezes fico frustrado. É normal, sou assim. Que posso fazer para mudar essa maneira que possuo? Esses tiques, manias que acometem meu espírito, eles compõem o meu caráter, eles estão presentes nos meus sonhos. E o irônico, é que ultimamente tenho sonhado em ter você ao meu lado, vivendo comigo nesse mundo encantado, mesmo que para isso seja necessário abrir mão dos meus trejeitos irritantes.

Como disse, não há explicações racionais para todo esse falatório. Talvez, o motivo provavelmente se encontra no amor que sinto por ti. Pois sim, eu te amo muito. E sem esse seu amor não sei andar, não sei viver, não sei parafrasear meus sentimentos, não sei clamar por ajuda. Sem o seu amor, eu perco a noção de amar, de existir. Eu me derreto em futilidades e erros constantes.

E a única questão me assola sem parar é:


... Por quê?

25 novembro 2009

Certo?


Certas coisas não devem ser ditas. Apenas silenciadas. Escutadas entre o farfalhar de idéias e o sussurrar de olhares inapropriados.
Certas coisas o mundo secreta na margem do oceano, na beira do precipício, no limite de sua existência.
Certas coisas não podem ser lembradas, pois o vazio toma conta de nossa memória, tornando a nostalgia uma piada sem sentido ou valor.
Ah, certas coisas não deveriam existir, afinal, quando existem tornam a vida um caos, em que espelhos são estilhaçados, janelas destruídas, paredes desmoronadas e eu... Acabo-me em cansaço.
Contudo, sejamos francos, se essas certas coisas não existissem, não nos cansassem nem entristecessem, talvez não fôssemos os seres complexos e fascinantes que somos, talvez fossemos destituídos de tudo: de ódio, de amor, de carinho, afeto, olhar, percepção, alegria...
Portanto, que essas certas coisas continuem há afligir meus dias e que essas dúvidas açoitem dia após dia minha cabeça, assim serei completo, complicado, lerdo e lesado, inteligente e paciente e irritado... Porque certas coisas não mudam e outras certas nunca poderão ser esquecidas, nem quietadas.

20 novembro 2009

...

...Há vezes em que nem mesmo as palmas são capazes de amenizar a ânsia que a perda nos causa...

Eu`s

Quantos Eu`s existem dentro de um Eu? Quantos demônios internos é preciso criar apenas para aliviar a culpa dos próprios erros? Quantas consciências paralelas são necessárias para compreender a alma e o coração, sem temer a razão e a lógica?

Aliás, por que é preciso entender tais fatos, se a vida é efêmera, transitória? Por que me preocupar em viver aquilo que daqui a pouco irá tornar-se poeira temporal? Por que perguntar tanto se já não há respostas que satisfação minhas dúvidas e minhas palavras?

Por amor, talvez. Ou devoção. Ou compaixão.
Ou mesmo moral. Ética.

Ou então, numa possibilidade remota... Simples e surpreendente humanidade. E... Pooof. Tudo se resolve. O mundo vira um horizonte mais divertido.

Mas os Eu`s internos ainda vagam por ai... Os demônios nunca descansam. E as consciências insistem em explicar coisas que não se explicam...

19 novembro 2009

V.I.D.A.



...Não se assuste se essa lágrima escorrer de seus olhos e atravessar sua face... Não se apavore se os anéis escaparam-lhe aos dedos... Não se aborreça se o seu sorriso for, por algumas vezes, forçado e entristecido, nunca deixe de falar nunca, nem mesmo em um segundo, ou milésimo, cada instante que se passa, leva junto de si mais um fio de felicidade que você não usou e abusou; apenas largou em um canto... Portanto viva. Esqueça os problemas e que se danem os estilos. Cada qual ao seu modo. Com suas peculiaridades e desgostos, contrafeito ou talvez contraposto, afinal não me interessa discutir modelos, maneiras.

Viva.

Viva cada manhã como se fosse a única em que você devesse acordar bem cedo. Viva cada tarde como se não houvesse a mesma, nem mais quente nem mais fria. Viva as noites e com elas, toda a sorte das infinitas festas, das músicas não se esqueça tão cedo, das biritas, dos romances, das palavras, do arzinho gelado que um simples sopro de juventude te traz, sem querer... Viva a vida de uma maneira que seja só sua e de mais ninguém. Viva, pois esse é o papel dos inteligentes: viver sem limites algo que existe ou não...

Desde que você viva e sinta o gosto dessa aventura, desfrute dessa experiência lancinante e avassaladora. Não se importe com as diferenças, pois a beleza da sociedade consiste em estar em constante metamorfose...

“Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...”

14 novembro 2009

Arte de Viver


... Então, quando todo o palco foi armado, as luzes apagadas, a banda preparada, no camarim os atores fervilhando em euforia (com característico friozinho na boca do estômago) e as coreografias prontas a serem executadas... Eu esqueci minha fala.
Tive de apelar para o improviso, lutar contra o meu riso e enfrentar uma platéia rigorosa.

Naquela noite, a casa estava cheia, com gente saindo pelo ladrão. O começo foi maravilhoso, uma trilha sonora impactante ao som de uma bela voz. Mil e um passes de dança decorando os olhares espantados de emoção. Eu assisti de um canto, esperando o momento certo de minha entrada. Um século inteiro estendeu-se diante de mim em um minuto de espera angustiante. Pensei que nunca iria chegar à hora.

Mas chegou.

E, sem querer fiquei surpreso ao notar que passou rápido demais, depois de tantos ensaios, tantas noites mal aproveitadas, tantos gritos de nervosismo, tantas pessoas desistindo, tantas outras aderindo a nossa causa. A minha causa, sua e de outros que lutaram para conquistá-la e vencê-la.

Quando terminou, muitos se queixaram de cansaço, dores, sono e fome. Isso se deu no outro, no outro do outro e no outro do outro do outro dia.

Até que terminou. E vários choraram, não queriam ver o final desse engenhoso trabalho. Não houve escapatória. Era o fim e pronto. O único jeito era ficar conformado. Mesmo que triste, a alternativa mais justificável foi essa.

Mas, para mim não há importância em justificar as coisas.

Porque aproveitei cada momento, desde o começo até o final dessa aventura. Conheci pessoas, conversei, cantei, atuei, assassinei e fui assassinado ao lado delas. Somente para, depois, nascer de novo. Tiramos fotos, rimos quando todos pediam silêncio e improvisamos uma dança enquanto aguardávamos nossa vez de entrar em cena.

E quando tudo acabou, tive vontade de fazer mais vezes a mesma coisa. E descobri que poderia e posso continuar fazendo...

Afinal, enquanto houver público, haverá espetáculo.

13 novembro 2009

Drama, saudade...

De tudo que é delírio imprudente, desespero da alma dos errantes, sonho vago dos solitários, esperança dos tolos fracos.

De tudo que é saudade, da amiúde à latente, que se manifesta de várias e dissimuladas maneiras, esperando que um coração palpitante agarre os pulsos de um pobre sujeito, transformá-lo em escravo ardente de uma paixão itinerante.

De tudo que é tempestade, fina e grossa como o pranto, ressurgi do encanto já cantarolado, uma vida de espasmos e sortilégios.

De tudo que é amor, a alegria desaparece, nasce o brilhante, cintilante e petrificado. Pois disso, não tenho dúvidas, fui vítima incansável. Lutei, mas cai, olhei, mas logo me perdi na inconsciência, tentei, mas sofri, sofri demais e por tempo demais. Agora estou em luto. Luto de você, luto de mim, luto do mundo e do que pensei em ser.

De tudo que é sagrado ao homem, por favor, transmita essa mensagem a quem possa ouvi-la, a quem possa entendê-la e apreciá-la.

De tudo que um dia deliberei, peço incessantemente, compreenda a minha saudade, pois a quem eu a dedico os ouvidos me negam escutar. E, pelo bem de minha memória aventureira, há de o tempo tornar essas palavras pura e clara poesia.