20 dezembro 2009

Feridas de um Fracasso

…Cicatrizes são histórias gravadas em meu corpo, cena por cena, sentidas na pele e vividas em brasa, como o ódio e amor… Meu olhar é um vasto horizonte paralelo dos fatos em preto e branco, onde me perco em especulações desvairadas a respeito de meu ser, de minha palavra (a tão importante e angustiante palavra que não sai de minha garganta, esbarra nas sílabas e insiste em fracassar), e vou me encontrando sem querer, pedaço por pedaço, até que todas as peças se encaixem discretamente no que seria classificado como caráter, meu único e irrevogável caráter… Meu destino ainda declara-se como uma constante incerteza do absoluto vazio, uma loucura envolvida em razão e desculpas que se explica como normal para, apenas, manter uma falsa aparência, algo em transformação, erupção, sem razão ou objetivo, com a clareza de um pombo branco ou um simples feixe de luz…

Uma falsidade maquiada pelo egocentrismo, pelo medo de perder o posto e ser declarado “comum”. Uma série de fatos intermináveis que culminaram em desastres fantasticamente nostálgicos, com toques de ironia e piedade fingida. Um desrespeito à ordem vigente, que declara claramente o quão importante é estabilizar as emoções e controlar a fraqueza.

Uma anarquia oficializada e posta em prática.

Uma escuridão que me assombra todas as noites, no silêncio da morte.

Um pássaro negro que se esconde antes de alvorecer a esperança.

Um lado que existe e, que temo por aceitar, ser meu lado. A minha outra face, que assume as rédeas e dirige minha vida. E não teme, nem falha, nem respira...

Sobrevive apenas de mim. E do que sou.

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