14 novembro 2009

Arte de Viver


... Então, quando todo o palco foi armado, as luzes apagadas, a banda preparada, no camarim os atores fervilhando em euforia (com característico friozinho na boca do estômago) e as coreografias prontas a serem executadas... Eu esqueci minha fala.
Tive de apelar para o improviso, lutar contra o meu riso e enfrentar uma platéia rigorosa.

Naquela noite, a casa estava cheia, com gente saindo pelo ladrão. O começo foi maravilhoso, uma trilha sonora impactante ao som de uma bela voz. Mil e um passes de dança decorando os olhares espantados de emoção. Eu assisti de um canto, esperando o momento certo de minha entrada. Um século inteiro estendeu-se diante de mim em um minuto de espera angustiante. Pensei que nunca iria chegar à hora.

Mas chegou.

E, sem querer fiquei surpreso ao notar que passou rápido demais, depois de tantos ensaios, tantas noites mal aproveitadas, tantos gritos de nervosismo, tantas pessoas desistindo, tantas outras aderindo a nossa causa. A minha causa, sua e de outros que lutaram para conquistá-la e vencê-la.

Quando terminou, muitos se queixaram de cansaço, dores, sono e fome. Isso se deu no outro, no outro do outro e no outro do outro do outro dia.

Até que terminou. E vários choraram, não queriam ver o final desse engenhoso trabalho. Não houve escapatória. Era o fim e pronto. O único jeito era ficar conformado. Mesmo que triste, a alternativa mais justificável foi essa.

Mas, para mim não há importância em justificar as coisas.

Porque aproveitei cada momento, desde o começo até o final dessa aventura. Conheci pessoas, conversei, cantei, atuei, assassinei e fui assassinado ao lado delas. Somente para, depois, nascer de novo. Tiramos fotos, rimos quando todos pediam silêncio e improvisamos uma dança enquanto aguardávamos nossa vez de entrar em cena.

E quando tudo acabou, tive vontade de fazer mais vezes a mesma coisa. E descobri que poderia e posso continuar fazendo...

Afinal, enquanto houver público, haverá espetáculo.

2 comentários:

  1. E sempre haverá outros espetáculos, enquanto houver vontade e alegria, sempre haverá mais... ^^'

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  2. hm,entao o literacoc foi assim tão profundo? rsrs

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