29 janeiro 2011

Flor de Narciso

Todos tem segredos.

Íntimos.
Doces.
Encantados.
Até os mais transparentes e indomáveis carregam, no fundo do bolso, uma caderneta preta repleta de detalhes escusos. Restos de infâmia e loucura...

Mas nós não.

Nós somos a exceção dessa regra formidável.

Ultrapassamos a luxúria escarlate, feita a imagem e semelhança da cobiça, e conceituamos, de maneira indecente, a sensualidade.

O que temos é um jogo de poderes e desilusões.
Um samba de quintal, manso, malandro.
Um pouco carioca.

Ou talvez não tenhamos nada.
Apenas um ao outro,

Será que é isso?
Será que não?
Prefiro dizer que somos, simplesmente, queridíssimos por esse mistério tão complexo e desajeitado.

Somos desejados por todas as pessoas que respiram, que nos comtemplam, que nos refletem.

Porque somos assim, sem mais ou menos.
Porque não exigimos nada exorbitante, quiçá amizade.
Porque existem mil e um motivos que nos definiriam entrelinhas.

Nós somos entrelinhas.
Somos, seremos, fomos.

Quase intocáveis.

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