25 setembro 2010

Do Tempo Dela


Contava romances cinematográficos.
Chorava sem querer, por motivo algum.
Brincava de amor, amar, fingir e ser. Mas só brincava.
Ria, ela ria coitada. Mas os outros não riam junto.

Seus átimos de alegria e tristeza, seus picos de aspereza e lonjura.

Seus instantes.
Íntimos demais.
Doces demais.

Se cantava, o fazia por distração.
Se chovia, corria para a rua. Gritava por gritar e viver.

Estava cansada.
Estava sozinha e desolada e ambígua.

Prendia os cabelos e soltava-os.
Enrolava-os nas mechas de paixão que pendiam de seu sorriso.
Sonhava de vontade, de prazer.

Era a beleza inconsolável.
A fineza justa e bem-medida.
Sua Majestade vivia de infinito.

Infinito sempre, sempre até morrer.
Talvez princesa.
Amante, amada.

Enclausurada nas nervuras da incompreensão.
Sim, enviuvada de namorados de ilusão.

Completa noiva sem altar.

Criança, menina, mulher.

Única.

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