27 julho 2010

A Angústia de um Anjo

Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você.
Afinal, que vale um peito inerte diante da saudade?
A morte da ternura, frente à angústia da incerteza?
De que vale a explosão de um “sim”, comparada
Ao mais sombrio “não”?
Infelizmente, sem seu sorriso, o teatro perde a arte,
O circo deixa de ser engraçado e o palhaço fica triste.
Sem a sua presença, o anjo perde as asas...
E caí do Paraíso.

Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você.
E o amor fará sentido.
Minha idolatria será recompensada, e a solidão:
Meu fim e meu começo virão me buscar de braços abertos.
Então, ofegante, recusarei o esquecimento,
Com medo de ser esquecido por mim mesmo e por você também.
Galgando devagar, subirei sua escada em silêncio.
Espreitando seu sono na madrugada aveludada.
Olhando seus olhos, sem que tu olhes os meus.

Mas, quando faltar-me, de todo, o ar,
E minha voz cair na solicitude de seu desespero,
Meu coração ficará inchado por dizer adeus.
Irá buscar forças na filosofia do riso, nas zombarias do humor.
Lágrimas cairão sem que eu queira.
A magia do perdão estará presente e bem comportada.
Ficarei, aos poucos, vago, quieto.
Rezarei uma última vez, confessando pecados de homem humano e imperfeito.
E logo, minha ausência será memória...

E você... Continuará sendo a intermitente paixão de meus suspiros.

Um comentário:

  1. "Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você"? Gosta de O Teatro Mágico? =P
    Parabéns pelo texto, está muito bom mesmo.

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