13 fevereiro 2010

Incompreensão


Amar é viver o inferno, ver o fogo ardendo e o paraíso, lá longe, cada dia mais distante.

Amar é correr com a certeza de ser o último a atingir a linha de chegada, sem ninguém para aplaudi-lo e ovacioná-lo.

Amar é perder, sem ser ressarcido. E continuar perdendo, enquanto continuar amando.

Amar é trair a si próprio, enganando-se com as verdades que o coração inventa e a mente aquiesce.

Amar é sofrer com o que não se possui, sofrer com que o não se pode silenciar e corroer a alma com os segredos que vão corroendo nossos lábios e amargando nossos olhos.

Amar é uma constante entrega, que só tem fim com o fim da própria vida.

Afinal, amar é chorar no desespero e rir na alegria. Brincar na felicidade e pedir perdão na hora da falha. É confessar seu espírito, mesmo não querendo. É sorrir no sorriso do outro, cantar desafinado, brindar a falência, ver morrer a decência e inibir a boa conduta.

Amar é algo que não se explica. Amar é fogo, e água, e terra e ar também. Amar é tudo, é nada, é saltar de um precipício com ilusões e anseios. É, novamente, ver o paraíso e querer um dia chegar lá.

Amar é uma dor extravagante, uma medalha de honra ao mérito, uma palavra sussurrada no ouvido, um soluço de adeus, uma declaração presa a garganta...

Amar é ser amigo e amante. É estar ao lado e sempre além. É não poder contar a verdade sem temer a reação de quem se ama.

Amar é um grito de socorro, um esconderijo perigoso em que se encontra alguém que compartilhe o seu medo.

Amar é uma frustração contente, uma satisfação incompleta e uma atitude de afeto.

Amar é amar, sem definições ou prolongamentos. É um sentimento que palpita e nunca segue reto.

Amar é ser você em outra pessoa, diferente e indiscreto. É pedir ajuda, pedir conselhos, andar de mãos dadas para não haver separação.

Amar é aprender, é dormir e acordar e entender que nada disso é sonho. É tentar, errar e continuar, sempre iludido, a amar, amando.

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