24 dezembro 2009

Natal

“... Mamãe?”
“Fala filho. O que foi?”
“Por que todo mundo está tão feliz assim? Por que tanta festa?”
“Porque é Natal, filho. E, nessa época, as pessoas gostam de fazer festas, gostam de comemorar a vida...”.

Silêncio. A criança vislumbrava a rua movimentada, direcionando cuidadosamente sua atenção aos homens e mulheres que transitavam com garrafas de champanhe envolvidas em sacos plásticos transparentes, outros com panetones empacotados, presentes embrulhados... Seus olhos brilhavam diante de tamanha euforia. Logo seria meia-noite e todos vibrariam de emoção, gritando, soltando fogos e brindando a chegada de um 25 de dezembro iluminado pela paz... De repente, a criança reparou em alguém que não estava tão feliz assim... Um senhor de quase sessenta anos, aparência exausta, barba a fazer, olheiras profundas, um sorriso que lutava para aparecer em seu rosto.

“Mamãe?”
“O que foi agora, filho?”
“Por que aquele velhinho não está brincando e conversando como os outros?”
“Não sei filho. Quem sabe ele não gosta do Natal ou... qualquer coisa nesse sentido. Mas, qual a importância disso?”-disse a mãe, indiferente.
“Ele deveria estar bem, como às outras pessoas... o Papai Noel vai dar um presente a ele? Se isso acontecer ele pode ficar contente, não é mesmo?”-sua face ganhara vida ao se lembrar do fato. Ganhara expectativa.
“Talvez, filho, talvez...”.
“Mas sabe, mamãe, eu nunca vi o Papai Noel... Ele existe mesmo?”

Então, a mãe teve de tomar uma atitude. Baixou o olhar apara seu filho, suspirou profundamente e disse, com toda a coragem e seriedade que encontrou dentro de si:

“Eu também nunca o vi, filho. Mas ele existe. Sabe como eu descobri isso? Vou te ensinar. Feche bem seus olhos, fique quieto um pouquinho, esqueça de tudo que está a sua volta. Se concentre bem, entendido? E então, o que você está ouvindo?”

Por um instante ela temeu ver o filho decepcionado. Contudo, um sorriso repentino encheu seu rosto...

“Tô ouvindo sim, mamãe...”.

Para aquela criança o mundo parara de girar. O único som vinha de dentro de seu peito. Um som distante e caloroso que lembrava uma sonora gargalhada. Uma gargalhada digna de Papai Noel. A mãe respirou aliviada, percebendo o inevitável:




“Ainda havia esperança...”.

Um comentário:

  1. bonito, bonito.. engraçado como em quase toda historia de natal a esperança acaba aparecendo..

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